(me engaveto em palavras pomposas
só prá dizer
ando tão só
que nem eu me suporto)
me movo
na fenda da solidão inperscrutável
bailarina dionisíaca
extasiada de mim

(ouvindo músicas bobas que lembram nenhuma presença)

entre as beiradas
sapatilha a mão
e o tal tal tempo
a girar lento
na outra

se estivesses aqui, senhor
ah, se já tivesses retornado!
nesse gira-gira eterno
nesse aqui cadafalso
se já tivesses rompido
sob o signo de fogo
da minha penelopica espera

(onde estás que nunca ouve meus clamores?)

se já tivesses aceito
o desafio de me viver
se já tivesses
ah!

romperia pela casa no barulho celeste da sua presença
eu, em júbilo
bailarina extasiante
dioníso
sapatilhas a mão
e o tal tal tempo
girando lento.

não é verdade que as estrelas brilham em paz.

é a distância que faz com que acreditem nisso.

eu, que as vejo por dentro;

sei o quanto dói arder pelo infinito.