Daqui contemplo por cima da falésia
O despenhadeiro donde me precipitei:
Lá está meu corpo estilhaçado no chão
Ao lado, quieto e fracamente pulsante
meu despedaçado coração.
Daqui pode haver bruma
névoa cortina de ilusão:
será que posso ter me enganado tanto
que o próximo passo também é em vão?
Se eu amo ou não
Se é desejo
Se é só paixão
Se é amor o que
num arroubo de emoção
Deixa que me ataque o meu (já tão frágil) coração
Com ponta pedra faca açoite adaga mão
da palavra jogada num caos hormonal
de inação
de impossibilitação
de ponta machado
de nãos.
Olha em volta: respira
mira seu corpo no chão
levanta do turbilhão caótico
Me dá a mão?
Amor!
não me entrega ao precipício
não me tira a razão
Ajuda-me a sair do caos-coração-estilhaço
Não me empurra de volta ao chão!
O corpo continua
derramado no turbilhão
como me levanto
de tamanha decepção?
(comigo com o mundo não)
Fico aqui
em busca da minha mão
que retira da névoa bruma véu da ilusão
e mostre enfim os dias de sim
e que eu contemple serena os dias de não.
(em 18/06 revisto por fora da névoa)
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