o amor pegou-me pelo pescoço
eu dei-lhe minhas mãos
para que as pegasse.
o amor veio de novo
e me derrubou.
eu levantei.
disse-lhe: toma minhas mãos.
o amor insistiu:
puxou-me os cabelos até o chão
pedia aos berros para que eu o soltasse
(mas se não era eu que o prendia!)
eu nada fiz.
esperei que o amor, embaraçado,
se soltasse e disse:
por que não pega minhas mãos?
o amor estava cego
e surdo
em surto
o amor não dormia há dias.
(o amor estava insone)
o amor se debatia no aparador da cama
ao lado do copo d'água
que refletia um pedaço de céu.
sem lua.
(uma não lua num não lago)
o amor não me deixava dormir, insistia.
eu olhei o amor nos olhos.
e
eis aqui minhas mãos
toma-as, coloca onde quiseres,
deixa-me solta.
anda lado,
alado
comigo: voa.
que você possa vir
com calma
e que não doa.
2 comentários:
Ah, o amor, cego surdo e teimoso...
Comigo: voa, que você possa vir com calma e que não doa.
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