há entre eu
e quem eu amo
quilômetros.
e eles me doem
na tarde fria
aqui há um tórax
de onde o coração
não há mais lágrimas:
tudo foi sentido
na tarde fria
faz sol.
mas o entardecer
promete frio
promete frio
(me agasalho de tristezas)
porque tudo cheira a morte?
se amor é redivivo e se reinventa
se o amor ainda tenta
e teima em me assolar
me avassala
por mais que eu diga:
vai embora amor,
me deixa respirar
para de sufocar
porque tudo cheira a morte?
se amor é redivivo e se reinventa
se o amor ainda tenta
e teima em me assolar
me avassala
por mais que eu diga:
vai embora amor,
me deixa respirar
para de sufocar
"não me arrebatou"
há que se aceitar
nunca pôde a poesia abrir um peito a força ainda que se esforce
aqui há um tórax
de onde o coração
acabou de partir
e partido foi
e partido foi
além
mar-estelar de mim
guardar-se para não me ferir
mar-estelar de mim
guardar-se para não me ferir
meu coração tem mais sóis que eu
não há mais lágrimas:
tudo foi sentido
e sem sentido
perdi tudo
e agora perdi tu
mas não me queixo do amor:
tive poesia e esta durou
agora é só o coração só
que busca,
sentido,
no caminho eterno que restou.
será que era eu aquele pardalzinho suicida
em vôo cego no teu mar?
será que era eu aquele pardalzinho suicida
em vôo cego no teu mar?
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