meu coração, em outra galáxia caixa-forte submarítima
guardado por louras ondinas agita descompassado
medo de ser tirado do seu repouso forçado
triste desolado amarrotado coração perdido
olha em volta e repara nos olhos-mãos
úmidas janelas, de precisas e conhecidas mãos
solenidade: aconchego afago entendimento perdão


o coração tem medo.


meu coração é matéria d´água é fluvioso marítimo coração
racha pedras com-paixão, funda valas, abre montes, nasce em outros cantos coração
mas está em descanso num armário, sem passagem marcada de volta forçada
sem tempo para sins e nãos,
coração não discute, resvala na goteira invertida coração
grita por misericórdia onde cór é decoração

me aguarda olhos-mãos?

me aconchega nas minhas má aguas, me dá tempo ao coração?
me envolve nas tuas quentes águas, me afaga em perdão
siamesa imitação, completude, tempestade, peixe-carneiro-leão?
os suspiros esperados aos poucos virão
eu me viro de lado, a procura de tua mão:
muda tudo, o contexto, com texto conteste ou não

ele já deu uma volta,
está disposto,
o coração.

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