Por que não pudeste, amor
abrigar me em seu peito
e dar guarida?

estavas tão aflita
corrias de mim
e eu assim, com um buquê de palavras nas mãos
as palavras mais belas recolhidas
entre ossos velhos e velhas minas
entre escombros de ruínas
entre meus olhos em encanto

mas não querias os meus verbos
querias perfeição
e eu te oferecia abismos

(era só o que eu tinha para oferecer-te
então
abismo e trovão)

e agora,
que o outono se abre em pranto
e tenho nas mãos esse lirismo
é tu quem me oferece abismos
e eu aceito portanto

pega o tal buquê
são teus
são tão teus os poemas
quanto os dias
quanto o pranto
eu me recolho com os meus
e me reinvento
de novo
renasço
no meu canto.

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