acordei com desejos de abraçar um urso
de ninar tamanduás
de cantar pra bois acordarem
de susto
de andar de patins
sem cair em si
de ser outra
mais
ou menos
louca.

(é a Bahia e todos seus santos?)

fingi que gostava disso
desse ser que caminha na praia
fingi que achava bom
ser solidão
quando nãos

(foi aquele acarajé de oyá)

senti falta
da minha pequena
da minha pequena fauna
de canídeos e felinos
que parecem sagüis
(e  de fatos os são
mais sagüis que esses aquis)

e pensei
serenando
(com o mar batendo a frente
e essa gente acostumada a boniteza dele)
se invento dores controladas
que rio à toa
que gargalho boba
pra preencher o espaço furado de dentro
num contra tempo.

a gentes continuam de costas pro mar
acostumados que estão ao marejar
ou mesmo se de frente ainda assim não está
o mar é o mesmo
(Mar da Bahia cujo verde vez em quando me fazia bem)

eu é que ando outra
e
gostando de ser
essa paulista
rota
desajeitada
grisalha
e
louca.


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