O gatinho me olha do meu colo.
quer mão
eu dou
troco chamego por quentura

O cachorro olha por trás do portãozinho
quer dengo
eu dou
troco pequenas brutalidades por fofura

E eu, que quero?
dengo, chamego, fofura?

Neste dia,
o sol quentinho.
café quentinho.
bichos
carinhos

só quem é só tá sozinho.
dessassosego
desespero
desejo

des apego.
Um dia ela escreveu na lousa da cozinha assim e isso alegrou minhas horas:

E NÃO SABENDO QUE ERA IMPOSSÍVEL ELE FOI LÁ E FEZ.
como pode a saudade gerar mais saudade e ir se gerando?
as coisas ruins deveriam ser estéreis.
Olha,

(quase que sem querer que nem escrevo mais prá mim)

pelo modo que me arrancas do dia
que percebes as coisas
vou também eu lendo as horas.

é distância, mas é ausência
e me preocupa mais eu ser a que parte do que a que fica

(o que não deixa de ser uma bobagem,
isso é só a visão do outro.
na minha
sou eu sempre que fico.
e tenho ficado e ficado e estado
e estados alterados)

mas quando vc for
ou eu for
se for o caso,

façamos assim:

pega os seus e as suas
eu cato os meus e as minhas
damos um bom beijo
desejamos sorte, luz, amor
escrevemos uma ou outra coisa
e depois
ligamos contando quem somos a partir de então.
pensa bem:

dá até vontande de rir

vai treinando por que talvez dormindo a gente se ache mais lá no mundo dos sonhos do que nesse pesadelo que todo mundo resolveu sonhar junto.

eu to sonhando outra coisa, babe.

se todo mundo resolver isso, talvez a gente mude o mundo.