Olhava-te
Não como se olha um lírio ou um acalanto
Olhava-te curiosa:
Donde brota tanta força?
Retraio:
Donde vem tanto amor?

Não olhava como se olha um lírio
Não um acalanto: um broto.
Olhava-te com os olhos desentos

Pudesse encravar minhas escápulas descarnadas
Nas tuas asas de ferro e chumbo
Ou as ancas pontudas nas tuas coxas
Ainda: meus ossudos pés
nas tuas raízes de árvore-tronco.

Mas simplesmente olhava-te
Como se fosse eu o lírio-acalanto
E fosses tu a admiradora de flores

Olhava-te como se tua imagem
Aumentasse o que serei
Como se meu desejo já fosse realização

Olhava-te
Como agora olho perto
Como estando agora dentro.

Como quer o AMOR (que guia):
Sempre

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