quando tudo passar
talvez entendamos que tudo
não passa.
e que o passado está o tempo todo presente.

(o desamor
escorreu por entre os dedos
e jogamos cal em cima
o caos por cima
dos ombros
acusávamos do que não podíamos
me dávamos o que não tínhamos
recusavamo-nos a ver
quantos dias e noites já havíamos
eu cruzado na sua agonia
ela a cata das minhas misérias)

(eu temia o looping.
eu não quero ficar sem ela)

ela sabia que me tinha em suas mãos
eu não teria de reaprender a viver
sem ela
(só de escrever já dói)
teria que reaprender os passos
os caminhos
o amor já tinha seu cheiro
os dias tinham seu ritmo
meu relógio contava suas horas
mas na hora do desamor
era isso só porque eu queria

estou prestes a me jogar
na aventura total de um dia ser
o que nasci para ser
o que lutei pra ser
e era você
e só você,

que queria ao meu lado agora

mas tudo irrita
e quando tudo passar
já será passado
e você já não esteve aqui
nem eu aí.
eu estive aqui
com um tanto de terra nos olhos
com um tanto de amor nas mãos
segurando firme meu coração entre os dedos
enquanto ele quereria novamente
encaixotar-se no mar

um tanto
a espavento
penso:
seria esse
realmente o momento
de jogar tudo aos quatro ventos?

desejo
tensa
que
nisso
você
nem
pense.

Um comentário:

Mari Rocha disse...

Me doeu só de ler!