Que dia é esse em que passo, torpe, criança?
Que sol é esse que queima meu rosto?
Sinto os olhos dos outros em minha nuca estrela.
Sinto o queimar dos olhos dos outros
em minhas ossudas asas.
Quando finalmente nascerão as penas?
Quando fatalmente largarei o rastro ancora chão
voarei enfim ao largo do dia
não perto do sol
não longe de Vênus?

Senhora Afrodite
Parteira dos meus dias
me guia
Guia
me guia?

Dá-me tua mão e segura?
Leva-me daqui donde dói?
Guarda contigo os domingos de ócio
(o sol brilhava lá fora e nada de sair de casa)
devolve-me as esperanças
a imaturidade do largar-se

Este é o preço do vinco no rosto, senhora?
Doer sem fim e não largar?
Me largar?
Ou é só a carapaça dos dias?
A rigidez de Apolo onde sempre tão Baco?

A dureza de minhas patas de leão,
O olhar dos meus esfingícos olhos
as asas depenadas
as patas prontas ao salto.


Vai


Salta.

Salta, Helena, deixa consumar o rapto.

2 comentários:

Anônimo disse...

você é uma grande poeta.
e uma grande mulher.
acredite.
não ouça se te disserem - más línguas, maus corações - o contrário.
porque Afrodite reina sim. Em você, em mim. (a rima foi casual). Por nós.
Salta, minha Esfinge. Que a queda - se queda houvesse - dói menos que as patas atrofiadas.

Anônimo disse...

escrevi linhas bem traçadas...mas a tecnologia de ponta não enviou.
Olho a Lua linda. Te lendo.
E fico enganando a parte de mim que viveu o sonho.
Não quero dormir.
Não quero visitar o mar sem teus sentidos.
Que dia?
Que Apolo te acalore
mas não te cegue.
Com que olhos assistiria o nascer da Estrela D'alva?
_ Não! Aquela é Vênus.
Com que olhos assistiria a Estrela Vênus?
Ser ainda sem título...
só ser
Entre velas e flores.
Estou enganando Morfeu!
J
á

S
ã
o

o
q
u
e

n
ã
o
. . .
sono
...
sem

cobertor
...
frio.