Resolvi ser feliz por decreto.
Por que me entristecem ausências que há tanto tempo já faltavam?
Só por que proferi o fim de algo já findo?

Então fiz assim:

subo aqui nesse tronco caule árvore
comtemplo o infinito
e percebo que o tempo é uma convenção
que a linearidade é um engodo
e que tudo é circular
como a vida a terra e o disco solar

Vivo portanto o momento presente
que contempla futuro passado e imatéria
e permito que experimente
coisas improváveis:

vou vestir esse vestido por cima da calça
vou sair na rua semi-nua e ouvir fiu-fiu
vou comprar leite ao meio dia
e beijar até gastar a boca
não vou ter hora prá dormir
vou digerir os alimentos
vou ouvir luiz gonzaga com meu pai
vou alugar um novo apê
vou pensar a casa minha
vou lembrar dos gatos e em vez de chorar, rir.
vou pensar em flores inventadas
vou inventar novas palavras
vou fazer poesias com listas
rindo de mim
não vou ligar pros outros
vou comer trufa de hortelã
vou experimentar goiaba
vou treinar pensar baixezas no meio do trem
vou gravar cds de amor
vou lamber sovacos e pescoços
vou viver um pouquinho de cada vez
vou não caber em mim bem devagar

vou ligar quando e quanto quiser
vou amar os meus amigos, mesmo que eles não me amem agora
vou comer carne vermelha e fazer sexo
vou rezar pro anjo da guarda
vou me proteger da intempéries
vou ser um tufão-maremoto com amor

vou voar e saltar e correr e pular e ser tudo qui que sou:

Parluizindo, como um luzin dourado
cheio de micântios em volta
e evelises
evelises
evelises

2 comentários:

Anônimo disse...

Ana, querida amiga: Por mais que todo o atropelo tenha nos afastado e que contas, discussão e cansaço nos consuma, em meio a emoções tão fortes quanto as que vives, saiba que tens em mim uma amiga. E que, como bem sabes, não desperdiço as pelavras e seus sgnificados... Força. Com carinho, Paula.

Anônimo disse...

para ser lido em câmera lenta