ama-me
com a placidez dos pássaros
em vôo rasante sobre o oceano
ama-me
como se os dias nunca findassem em abismos
como se eu nunca anoitecesse em pranto
ama-me
como se a vida fosse mesmo um suceder de sonhos desfolhados
como se pudesses ir ao mar catar crisântemos
como se nunca doesse nascer
ama-me
e só
ama-me
e olha minhas rugas com altivez dos jovens e sabedoria dos maduros
e olha meus tropeços como se fossem uma dança linda e intencional
ama-me
e permanece comigo mesmo quando não parecer crível
por que estou com fitas demais amarradas aos pés
por que sofro por formigas e ritmos
ou por que gostaria sempre de dormir mais cedo
ama-me
enquanto for possível suportar a aurora
e quando a noite se fizer necessária ao riso
e quando não tiveres mais força para abrir as portas e janelas das almas
e quando a herança dos flagelos tiver esgotado sua fúria
e quando eu for livre para roubar-lhe um beijo insone
e quando quiseres rir-se de mim
por ser brutalmente estúpida
ama-me
nos porquês e não nos apesares
nas levezas
ama-me
sem avareza?
e joga-me em tua carne reluzente?
ama-me
que recobro de forças
para te amar pra sempre.

3 comentários:

Dilma disse...

Você é incrível ,eu acho que eu te amo! bj linda.Parabéns sempre pelos textos lindos que escreve.

Ana Roxo disse...

obrigadíssima por ler e comentar...

Dilma disse...

Leio sempre.Vi você passar num dia de inverno, lá na avenida paulista, quase me aproximo pra dizer de meu gosto pelo seus escritos, vi você também num campeonato dos zapoetas, enfim, vejo você sempre por aqui e é sempre um prazer.Eu agradeço seus escritos