Por que foge de mim
Céu
Desejo?
Penso recompor teu corpo
Na parca memória respeitosa
Dos meus pequenos olhos devassos
(controlados. descompostos. descompasso.)
Sempre me lembro primeiro dos seus cabelos
cobrindo teu pescoço e de como desejei tirá-los dali para que,
então, coubesse minha boca.
Penso em como minha mão se encaixaria entre
suas espáduas e de como seria fácil trazer seu corpo junto ao meu, quando elas
estivessem lá e meus lábios em na tua orelha.
Inevitavelmente penso no seu
cheiro. Fresco, como um amanhecer, após banho. E quando penso no seu cheiro pós
banho, sempre enrubesço, pois então penso em como seria a água escorrendo pelo
seu corpo. No seu corpo, sem roupa, aberto reluzente onde poderia, sendo meu,
pousar meus olhos. Esses
mesmos que agora fugiriam dos seus olhos, se eu pensar que um dia você
descobriria o quanto te desejo (te desejo ainda, ou te desejaria a partir de
agora, ou num tempo que não sei conjugar: pretérito do subjuntivo mais que
perfeito).
E então a tua boca. Eu poderia
aqui dizer, romântica, simpática, delicada, que penso no seu sorriso, no jeito
que você mexe quando ri, e como eu me perco, sem que você saiba, no seu
sorriso. E eu penso mesmo no seu sorriso. Mas se eu tiver que ser sincera, eu
tenho que dizer que me pego pensando na temperatura, no gosto e no paladar da
tua boca. De como seria encostar a minha boca na sua. Eu fecho os olhos e é então,
como se um dia tivesse acontecido. No impossível do tempo, do seu tempo, meu
tempo, seu beijo, seus encaixes.
E quando penso em encaixe, inevitavelmente penso em sexo. E aí, como estou pensando nisso mesmo, deixo o pensamento-desejo correr junto a água do seu corpo, junto do meu corpo e então não é mais pensamento, é desejo e corpo e vertigem sem ar e sem tempo. Esse tempo, ilusão da matéria. E é o encaixe do seu corpo, impossível ao meu toque nessa vida, desse jeito, agora: essa vida ilusão que deu de ser assim - e o que mais me intriga e revela é o que traz a dureza do não vivido (ainda ou nunca ou sempre ou quando?).
E abro os olhos e você não está. Ou não é você, não é ainda você, ou você já se foi da minha vida. E algo me protege da fuga. E algo te revela numa metáfora. Numa procura. Num sonho. Numa impossibilidade- desejo. Em outra mulher, numa lua. Numa possibilidade remota. Nessa bolha sonho que ninguém, nem você mesmo, tem direito de me tomar.
E quando penso em encaixe, inevitavelmente penso em sexo. E aí, como estou pensando nisso mesmo, deixo o pensamento-desejo correr junto a água do seu corpo, junto do meu corpo e então não é mais pensamento, é desejo e corpo e vertigem sem ar e sem tempo. Esse tempo, ilusão da matéria. E é o encaixe do seu corpo, impossível ao meu toque nessa vida, desse jeito, agora: essa vida ilusão que deu de ser assim - e o que mais me intriga e revela é o que traz a dureza do não vivido (ainda ou nunca ou sempre ou quando?).
E abro os olhos e você não está. Ou não é você, não é ainda você, ou você já se foi da minha vida. E algo me protege da fuga. E algo te revela numa metáfora. Numa procura. Num sonho. Numa impossibilidade- desejo. Em outra mulher, numa lua. Numa possibilidade remota. Nessa bolha sonho que ninguém, nem você mesmo, tem direito de me tomar.
2 comentários:
Lindo, fiquei sem ar.
Descrito de uma forma tão clara e doce que se encaixa perfeitamente com a imaginação. Quem nunca se sentiu atraído pelo impossível, sente-se tentado ao ler. Lindo lindo!
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