A mulher que
caminhava está seca
O deserto a
inundou.
Eu permanecia na
praia.
a areia densa nos
separava.
Ela abriu os
olhos
e eram dois olhos
de pupilas brancas
descrevê-la é
prever um deserto
suas mãos com
sulcos secos
como galhos
invertidos
suas têmporas
riscadas
como dois figos
abertos
e seus malditos
olhos brancos
ausentes de alma
não andava
nem sulcava a
areia
quase como que
flutuava
uma lagarta
centopeica
uma gosma cósmica
verde-reluzente.
quase puta, quase
louca
rota
a morte a solta.
fria, seca, magnética.
eu a olhava com
meus olhos de água
ou de anis
estrelado
duas órbitas,
duas luas
límpidas e nuas.
entender-me é
antever um mar
minhas longas
saias de ondas
ausência de pés
longas nadadeiras
brânquias por
pulmões
não nadava
quase que flutuava
sobre as águas
de messiânicas
paragens.
Quase santa, mas
nem tanto.
duas potestades
duas fundações
nascimento e morte
sem função ou
ministério
vagando apenas
em seus profundos
mistérios
Um comentário:
Que inveja a mulher inundada de deserto sentiu dos teus olhos de água!
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