Medo

Tenho medo.
São seis e dezesseis e eu já estou de pé.
Voltar pra cama é inútil, mas eu sei que ainda vou tentar.
Medo do quê?
De mim, da minha inconstância.
Só o amor é perene em mim.
Eu tenho muito poucas, mas o amor é certeza.
Mais do que a dúvida, a certeza me amedronta. Dizem que é estranho, por que é a certeza o porto seguro. Não meu. O meu porto seguro é cada dia um outro, é cada momento uma dúvida. Quando eu não tiver mais do que duvidar, por que viver? Tenho medo por que a sina de uma certeza é se desmoronar. Tento transformar o amor em dúvida, mas eu sei, é certeza.
Não é fácil, não, viver assim, na dúvida. Dói um pouco, sim.
Sou um pouco egoísta, por que talvez me cerque de pessoas retas pra corrigir minha curvatura. Olho em volta, e talvez nem meus gatos me queiram mais aqui: prá eles só há uma certeza: a casa, que prá mim também é dúvida.
Mas nem isso que eu escrevi prá mim é certo.
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Dói um pouco.
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E medo.

Um comentário:

Anônimo disse...

o rio não corre sem um leito de terra e pedras. O mar, por profundo que seja, assenta-se sobre terra.
O rio pode parecer incerto, mas seu fluxo, ainda que descontínuo, segue quase eternamente o mesmo curso: aquele sobre a terra.
com áreas enlameadas, é certo.mas corre.
que não seja eu as margens a conter você e suas águas em excesso. Mas quero ser o leito.
Posso?