Tens para mim o gosto dos cafés compartihados
Das manhãs preguiçosas de julho
e das agitadas e cruas de setembro.
tens o gosto da comida devota
do amor compartilhado com os bichos
da fala inútil, besta e agradável.

Tens o som dos despertadores quebrados
Ecoando naquelas manhãs
do teclado martelado de madrugada
do furto a geladeira, sonâmbula,
do breque do carro no portão
da felicidade canina com tua presença.

Tens o cheiro exato daquilo que almejo:
perscrutar teus cheiros, achar o local
onde nasce meu desejo.

Tens a temperatura ideal:
quente no inverno
refrescante no verão.
Tépida na meia estação.

Tens o encaixe corpóreo
Tens as palavras certas
Tens as atitudes corretas,
planejadas, esperadas.

Tens tudo o que precisava eu.
Mas tens também ausência.

E por saber-te tua,
e recordar teus pertences,
torna-te presente.

Nenhum comentário: