era ela
(mas era também a lua)

linda, alva, resplandecente
como na minha memória adolescente
em que ela, satélite
soltava a voz

era (talvez) a lua
e era ela
errando pelo céu-casa
dentro da sua órbita
pensamento

(por dentro da lua,
desenhado ao pé de são jorge
ou de um coelho
umas dores insondáveis
que daqui da terra pensamos:
como que lá do céu tem essa dor?
mas é a dor de quem
aguenta sem fim a luz do sol
e resplandece num canto)

era a lua
era ela
e eu era
encantada
era eu
a lua
e o sol
tatuado
nos ombros
vendo ela
vendo a lua

não precisando mais nada
tentando pensar assim:
isso que nasce aqui em mim
isso só pode ser a lua

mas sabendo que era ela.

era a lua nada
era ela mesmo.

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