eu não sei quando é hora de parar eu mimo as pessoas eu vou além dos meus limites eu procuro minhas possibilidades eu declaro amores eternos (e acredito neles) eu amo incondicionalmente eu me entrego inteira eu quebro a cara com as dez eu levando e sacudo a poeira eu caio de novo eu refaço meus planos eu jogo os planos fora eu improviso eu não sei o que fazer com tanto amor em mim eu ardo por dentro eu choro em padarias eu me irrito com estranhos eu tento de novo eu me torno adolescente eu vejo uma velha em mim eu revejo as metas eu não quero mais eu procuro afeto eu roo as unhas eu falo os plurais eu uso mesóclises eu gosto de proparoxítonas eu gosto de mulheres (e tenho medo delas) eu gosto de homens (e eles têm medo de mim) eu tenho medo de tudo eu dou a mão pro medo e caminho eu procuro o infinito eu (também) caí do paraíso de onde você veio eu quero voltar pra lá eu contemplo o inferno eu entro onde não sou chamada eu me obedeço eu me boicoto eu me realizo eu presto atenção em estranhos eu tenho um tédio existencial profundo eu amo minha vida eu amo a vida eu amo estar viva eu não compreendo os mistérios eu não compreendo o eterno eu aceito o desafio eu já não roubo lojas eu como chocolate escondida (de mim) eu como você escondido dos outros eu não te como mais eu acredito em deus eu já vi o capeta (ele piscou pra mim) eu planto árvores em lugares que não permaneço eu nunca permaneço eu transmuto eu alquimizo eu sou como água eu sou feita de fogo nas ventas eu sou ventania na labareda eu sou fogo em alto mar eu sou próprio mar eu sou a gota solta no mar eu sou o meio do meu equilíbrio eu caio na rua eu raramente ando de metrô eu tenho um milhão de amigos eu tenho 7 namorados e 7 namoradas (e amo todos!) eu falo mais do que devia eu perco o amigo eu não perco a piada eu sou amiga das ex eu sou ex de uns e de outras eu sou ana de amsterdã de são paulo do brasil e eu também sou daza eu não sou mais dela nem da outra eu já sou outra e ainda outra e ainda outra e ainda outra eu me perco na mutação eu sou a própria mudança eu sou o ato de mudar eu me mudo eu mudo eu e o mundo eu sou imunda em sou como limpidez após bruma eu sou também a própria bruma eu esvaio em sangue suor e arte eu sou a minha construção eu sou a obra de arte em mutação eu sou o que fiz de mim eu calo eu me calo (eu tenho vários calos) eu tenho cicatrizes na carne na pele na alma eu quero conhecer as almas alheias eu me interesso pelo próximo eu (também) já fui marxista eu (também) já fui bacante eu já li freud eu já fiz análise eu acordo paralisada de terror eu dou brecha pra dor eu me apiedo de estranhos eu me apiedo de conhecidos eu sou pau eu sou toda obra eu tenho pena de mim eu uso pena na orelha eu choro sozinha no quarto eu choro em público eu choro em cena eu me desfaleço em pranto eu rio alto eu mato por amor eu faço viver por amor eu sinto dores insondáveis eu amo quem não me ama eu sou um ponto de luz na escuridão eu sou arrimo de família eu quero casar e ter filhos eu amo instantaneamente eu me apaixono por nada eu me apaixono por tudo eu acredito em vida Eterna eu acredito em vida terna eu quero ser aceita eu só quero ser aceita (pra mim pra si pro sol) eu me perdôo eu dôo eu dou eu faço eu eu eu eu eu eu eu


me desapego de mim

5 comentários:

Alda Caldas disse...

que lindo! é como olhar no espelho e ver a alma! amei! bjs

Thiago Peixoto disse...

Demais, demais mesmo, adorei quando vc declamou no Zap e adorei reler ele aqui, muito bom, parabéns!

pim la piel disse...

ja te disse ontem... essa poesia é um desrespeito lindo!
ontem ela entrou sem pedir... estava desprevenida...
obrigada.

pim

V.L. disse...

Essa é uma das coisas mais incríveis que ja li. Obrigada por me proporcionar isto

V.L. disse...

Essa é uma das coisas mais incríveis que ja li. Obrigada por me proporcionar isto