dentro de uma caixinha.

a caixinha dentro de uma outra maior.

essa outra trancafiada
com cadeado de um segredo.

(o segredo eu só contei pra uma sereia
que mora num além mar esquecido
e depois também eu esqueci)

isso tudo num pote, fechado a vácuo
(de ilusão)
com babadinhos retrô.

o pote está guardado
dentro de um armário
de madeira de lei
(com ornamentos na porta
e lindos puxadores de latão).

o armário no sótão trancado
de uma mansão de mil quartos
com lindos afrescos nas paredes
(contando histórias de animais sonhados
de travesseiros que são pontas,
de flores inventadas,
pirulitos e beija flores)

a mansão é uma ruína sub-marítima
(que ainda não foi encontrada
por nenhum escafandrista
mas amplamente visitada
por ondinas e nereidas)
fortemente guardada
por um furioso tritão.

essa ruína fica num mar longíquo
(e muito bonito
onde a luz bate violeta
cor de transformação.)

mar de um planeta ainda não descoberto.

de uma outra galáxia espiralada

tão longe tão longe tão longe

que só se chega, se se vai
com sonhos mais puros na mão.

é aí
que a partir de agora
protegido de roubos abruptos

meti

meu coração.




Um comentário:

Beatriz disse...

essas suas compilações me desfazem