Tens dois lados, senhora, me disse em sonho:
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um, com o qual segura cajado-espada-martelo
e persegue com determinação divina
tudo aquilo que é podre, caótico, burlesco
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é desse lado que figuram os monstros,
que a fantasia anda à sombra ao lado
de sereias, vampiras, dores e profundezas.
desse lado também que nascem as paixões
e a mão segura estraçalha prontamente
o arroubo, o frêmito e o enredo.
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desse lado, senhora, podes tudo
e tudo perdes: os cajados, as sereias
por fim se destruirão, e não saberás então
se foste tu que os destruiste ou eles a ti,
e cairá nas profundezas do oceano.
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mas do outro lado, ao sol, derramas flores
sobre tua própria criação,
e contemplas também tua parte de Deus.
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Há carismas, melmóides e floretins brilhantes
Parluzindo e esvoaçando ao redor, guiando
Os passos dos que, por opção e júbilo,
te seguem e contemplam também a luz.
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Se não há arroubos, há amor,
em grandes e caudalosas ribeiras,
e dessa água doce bebes e alimentas as tuas crias.
Por que há crias e regras, e disciplinas rigorosas
Onde também por tocar um cristal
podes estilhaça-lo, criando luzins.
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Não podes escolher entre um e outro
Por que sois os dois.
És duo, e serpente e esfinge,
criaturas como tu são os humanos.
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Aliviei-me. Sou humana?

2 comentários:

Anônimo disse...

que é isso? que mulher é essa, meu Deus (agradeço, agradeço, agradeço)

Ana Roxo disse...
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